Se você está curioso(a) para saber,
é só ler!
Rodrigo Brasil: Leda Rocker, como foi seu primeiro contato com o rock? Você se lembra que disco era?
Leda Rocker: Meu primeiro contato com o rock aconteceu quando meu pai comprou uma vitrola no final da decada de 60
Rodrigo Brasil : e foi seu pai mesmo que trouxe o rock pra dentro de casa?
Leda Rocker: ele colocava musicas clássicas para eu ouvir.
Eu adorava ( e amo até hoje) ouvir Mozart e achava aquela energia da musica uma coisa bem PUNK digamos, só que naquela época eu era pequena e não sabia muito sobre. Na verdade meu pai não curtia muito rock e dizia que aquilo era gritaria.Eu fui crescendo na onda dos meus irmãos mais velhos que ouviam Queen, Led Zeppelin e Beatles.
Rodrigo Brasil: Qual a primeira banda de rock que eles trouxeram que você lembra de ter te causado um impacto e que impacto foi este?
Leda Rocker: Foi o Led Zeppelin com certeza, meu irmão fez um grande desenho no quarto dele.. e eu fiquei assustada com aquilo mas achei lindo!
(a capa do Led que tem o anjo de asas abertas – Swan Song)
Rodrigo Brasil: sim o Icaro, que acabou virando um simbolo secreto dele
Leda Rocker:..depois foi Queen muito Queen eu amava aquilo ai veio Supertramp e Van Hallen, Rick Wakeman, Yes, Kiss, eram os mais populares da época. Era muito difícil ter acesso a materiais de bandas, (somente quem tinha muita grana e viajava ao exterior) um vinil importado, e a gente ficava na expectativa de ganhar um gravador em fitas magnéticas "K7" no natal e tentar captar gravações das rádios. Nẫo é como hoje, com tanta facilidade e tecnologia, a internet ao nosso alcance. A geração passada sofreu muito para que a de hoje desfrute.
Rodrigo Brasil: E quando se apaixonou a primeira vez por uma banda ao ponto de virar fã?
Leda Rocker: A primeira vez que me apaixonei por uma banda foi mesmo Led Zeppelin. Eu ouvia todos os dias indo para a escola sempre as 18 horas e eu só tinha 14 anos de idade, aleḿ de Led eu também gostava muito da Rita Lee...(me identificava com a musica "Ovelha Negra") dos 7 aos 16 fui uma criança muito doente, sempre febril e de cama... foram 7 anos de sofrimento. E acho que aumentava ainda mais com as musicas bregas que as minhas irmãs ouviam.. tipo jovem guarda.. Roberto Carlos.. odeio, odeio.
Leda Rocker: Erasmo Carlos.. Jerri Adriane.. afffff..
Elas colocavam posters deles no quarto.. eu detestava e resolvi que nunca iria ter um ídolo na minha vida.. eu poderia gostar mas nunca adoraria nada na vida
Rodrigo Brasil: Como voce descreveria pelo seu ponto de vista a principal diferença entre estas bandas que suas irmãs ouviam , o Led Zeppelin e a Rita Lee?
Leda Rocker: Pela sonoridade, pelos arranjos complexos da guitarra, pela beleza do rock em si, e também a pronuncia.. o inglês cai muito bem com o rock.. já a jovem guarda, era um manifesto cheio de “mi mi mi” choramingamento de amor perdido, sei lá o que.. que me irritava.. quanto a Rita Lee sempre achei uma mulher de atitude exatamente para rechaçar os “play boys” da jovem guarda.
Rodrigo Brasil: (interessante)
Rodrigo Brasil: Você que foi de perto acompanhando o rock, o que acha que mudou da década de 60 e 70 em relação hoje no rock? Em algum momento o Rock realmente morreu ou passou perto disso?
Leda Rocker: Tudo mudou, completamente. O movimento “Hippie” daquele tempo, regado pela frase: Sexo, drogas e Rock'n'Roll e também simbologia da PAZ deixou sua marca profunda. A juventude atual, ( já ouvi vários relatos), gostaria de ter nascido naquele tempo, onde não existia tanta violência...ainda eram tempos de inocência..e os jovens tinham uma certa liberdade. Hoje o rock acompanha nosso tempo, negro, obscuro, pesado, extremo e condicionado a depressão e a putrefação. A agressividade das melodias empunhadas pelos guitarristas e bateristas equivale aos modelos de carro fabricados.. (observe como os faróis dos carros tem formato agressivo)Vivemos hoje, tempos violentos.. e o rock acompanha tudo isso.
O rock não morreu e nem morrerá, ele se molda ao tempo e ao espaço.. as pessoas mudam e o rock se adapta. Morrer nunca.
Rodrigo Brasil: Sabia que ia responder isso sobre a “morte do rock
Rodrigo Brasil: rs
Leda Rocker: (Pô essa entrevista está interessante.. rsrsrss..eu viajo na bicicleta.. mas sei o que estou dizendo)
Rodrigo Brasil: Como você vê o perfil do rock em Minas Gerais, principalmente em Belo Horizonte? é possível identificar uma tendência nas bandas daqui?
Leda Rocker: Bom, quando ao Rock das Montanhas de Minas tenho a te dizer que os mineiros primam em sonoridade e competência. Belo Horizonte é celeiro de bandas, muitas nascem, morrem como estrelas no céu. Isso tudo faz parte de experimentos, as vezes é muito difícil produzir bandas pois começa muito bem e do "nada" se desfazem... Uma tendência propriamente dita não, mas temos excelentes bandas de "Heavy Metal" que tendem a perpetuar a nossa fama de Capital Mundial do Metal. Me pedir para eleger bandas é a uma tarefa impossível,é como se me pedissem para escolher o homem mais bonito do Brasil... isso é uma injustiça pois cada um tem sua beleza própria.
Leda Rocker: uma pergunta:. para onde vai esta entrevista?
Rodrigo Brasil: Para você
Leda Rocker: Que lindo! vou ganhar minha própria entrevista de presente..rsrsrsrsrsr
Rodrigo Brasil: E em relação ao publico do rock de Belo Horizonte, tanto a galera que é apaixonada quanto a que curte ouvir e sai pra ver as bandas, como você classificaria estas pessoas, o que tem em comum e o que não tem? Existem grupos muito variados Leda?
Leda Rocker: Olha, acho o publico do rock muito unido e apaixonado pelas bandas, não medem esforços de atravessar uma cidade inteira, muitas vezes a pé para ir ver sua banda favorita. Abandonam o sofá confortável em dia de domingo e zarpam para outros pontos da cidade, mesmo sabendo da dificuldade de retornar para a casa por falta de ônibus. Com base nisso digo que o publico é FIEL.
O que há em comum entre os públicos de tribos diferentes é mesmo a paixão pelo rock e a gratidão aos músicos amigos. Das tribos de rock, mais unidas acho a do pessoal que curte HARD ROCK e do pessoal do METAL, não posso deixar de lembrar também que os PUNKS andam muito sumidos da cena, porém as vertentes como o HARD CORE , por exemplo, ainda sobrevivem e são muito unidas, fazendo do mundo “Undergroud” um porto seguro. Se bem que em São Paulo eles estão em maior quantidade. Posso abrir também um parêntese para o pessoal Grunge que ainda cultuam seus ídolos sendo que muitos deles já partiram dessa.E ainda ressalto a cena Gótica (Darks), está bem escassa! As tribos que não estou me lembrando agora é porque não devem existir mais.
Rodrigo Brasil: Legal, agora só pra complicar as coisas, rs, teria algum aspecto negativo que tende a envolver as bandas ou o publico do rock em Minas? Alguma tendência que vinda de qualquer uma das duas partes que possa talvez trazer dificuldades para ambos? Pergunto isso, tento em mente que muitas bandas boas surgem aqui mas acabam morrendo por aqui como você mesmo lembrou, bandas que tinham tudo para crescer e não foram até onde deveriam. O que acha que acontece?
Leda Rocker: E' uma pergunta complexa pois, quando estamos em grupo, tendemos a nos unir ou divergir.. vários fatores podem proporcionar isso.. falta de comprometimento, indisciplina, uso de drogas licitas ou não... e isso é para os dois casos tanto para quem sobe ao palco como para quem está nos shows assistindo. Exemplos disso temos a rodo! Mas posso perceber quanto ao publico do rock que vai aos shows para ouvir musica e não para brigar, escolhem bem o que querem.. o roqueiro tem essa capacidade de escolher o que quer e pronto.O roqueiro em sua essência quer mesmo é curtir rock!
Rodrigo Brasil: Leda, porque o Rock, e não outro estilo? O que o rock tem de especial pra você?
Leda Rocker: Porque o Rock? Porque sou rebelde. Outro estilo não irá me cair bem nem na sombra. O rock é tão especial para mim como o ar que respiro, se eu não for em um show por semana eu piro..fico deprê, sou viciada em rock, sacou?
Rodrigo Brasil: Saquei!
Rodrigo Brasil: Só para finalizar então, o que acha que falta em BH para incrementar ainda mais este clima de rock que a gente tem que surgiu espontaneamente e que fica pipocando de casas e rock nos últimos anos e que recado daria tanto para as bandas quando para a galera que curte o Rock Roll?
Leda Rocker: Meu recado é extensivo ao produtores, as bandas e ao publico:
Vamos parar de reclamar e dizer que em Belo Horizonte não existe espaço para o rock. Vamos todos trabalhar!Digo aos produtores, trabalhem abrindo espaço onde não tem. Bandas, trabalhem para serem os melhores. Publico, trabalhe para ter condições de pagar o preço justo de ingresso para as bandas receberem seus merecidos cachês. Porque ganhar com venda de cds é quase uma coisa do passado!
Quem é Rodrigo Brasil
Rodrigo Brasil se interessou pelo desenho muito cedo e foi aluno ainda criança da artista Mônica Sartori, procurou por conta própria diferentes cursos em festivais de inverno de desenho e pintura na adolescência . Depois de se formar em arquitetura em 2006 começou a pintar, e em 2007 foi selecionado para o Salão de Artes visuais da Cidade de Guarulhos, Também expondo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Expôs em 2009 na CEMIG e na Câmara Municipal de Belo Horizonte e fez uma exposição individual na Estação da Sé no Metrô da Cidade de São Paulo. Hoje é professor de desenho e pintura da Maison Escola de Arte e musico na banda de rock "Os Leviatãs".
http://www.rodrigobrasil.blogspot.com.br/
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Lêda Rocker direto da redação.